Por George Harrison*
No dia 26 de abril, é
comemorado o Dia Internacional do Cão-Guia, uma data que nos convida à reflexão
sobre a realidade desses animais no Brasil. Segundo dados divulgados em 2015
pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE em parceria com o
Ministério da Saúde, o país possui aproximadamente 7 milhões de habitantes com
algum tipo de deficiência visual, sendo que 1 milhão têm limitação intensa ou
muito intensa e são impossibilitados de realizar atividades rotineiras.
Apesar da extrema necessidade,
a Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, estima que
existam apenas cerca de cento e sessenta cães-guias espalhados por todo o
território nacional. Esse número reduzido se deve à ausência dessa cultura,
motivada por fatores como o baixo investimento para o treinamento dos animais
e, principalmente, pela falta de famílias voluntárias para recebê-los durante o
período de Socialização.
Embora a maioria das pessoas
não saiba, a preparação desses pets vai muito além de um simples treinamento
temporário: são necessários meses de convivência com as chamadas “famílias
socializadoras”. Desde os três meses de vida até por volta de um ano e meio, o
animal passa por uma socialização com essas pessoas, que ficam responsáveis por
apresentá-lo às mais diversas situações do dia a dia, como lazer, viagens,
transporte público e a convivência com crianças.
As famílias acolhedoras
precisam seguir uma série de procedimentos e, principalmente, passar grande
parte do dia com os cães. Isso é fundamental para que a sociabilização seja
feita da maneira correta e o deficiente visual receba um animal capacitado a guiá-lo
em todas as situações.
Ao final do período de
adaptação, o cão é devolvido para o centro de treinamento, onde aprende os
comandos básicos para assumir o seu papel junto ao deficiente visual. A partir
daí, ele passa a usar a guia e peitoral com alça rígida, que serve para
comunicação com o humano. Dessa forma, o pet vai assimilar que está trabalhando
quando usar o acessório e que, quando não estiver, pode brincar à vontade.
Depois de habituado com os
novos equipamentos e com os comandos, o fiel amigo já começa a adaptação junto
ao seu futuro dono, o deficiente visual, com quem vai conviver muitos e muitos
anos – há casos de animais que atuaram como guias até os 12 anos.
* George Harrison é
especialista do Instituto Magnus, organização sem fins lucrativos voltada à
criação e ao treinamento de cães terapêuticos e cães de assistência.
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